quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Psicologia


“O Filósofo Gilles Deleuze (1988) afirmava que os homens raramente exercitam o pensamento e quando o fazem, é mais sob um choque, um golpe, do que no elã de um gosto.”
            Pensando no trabalho clínico, este recorte me parece fazer ainda mais sentido, pois não é por acaso que se fala tanto em angustia quando vai se falar de tratamento terapêutico. Até mesmo quando recorremos a ditos como: “A necessidade faz o sapo pular”ou “Time que tá ganhando não se mexe”. Podemos concluir o que deveria ser óbvio: A felicidade e o conforto tendem à acomodação. O que quero dizer é que ao contrário do que os ditos populares nos mostram a sociedade não valoriza devidamente os confrontos.
            Vivemos em uma sociedade onde o que predomina não é a política ontológica e sim o instrumentalismo, as coisas todas tendem a ter uma função pré estabelecida, o improviso não é bem vindo e o mal entendido muito menos visto como promissor.
            Em uma sociedade onde exista um padrão a ser desejado, como incluir o diferente, sem que este seja somente visto a partir de sua falta? O texto nos faz pensar que esse sujeito que não compreende a ordem, não deve ser ignorado, a próprio mal entendido se mostra como uma possibilidade de outro tipo de relação, onde ele sai da posição de sujeito dócil, passivo às intervenções, substituímos assim uma certa ordenação estável das coisas, por uma bifurcação que amplie as perspectivas.
            Confrontando o método ortopédico de pesquisa euro americano com a política ontológica podemos observar o quanto fica de fora nas pesquisas clássicas que faz com que o distinto seja classificado como uma falha no conhecer, algo que deva ser corrigido.
            A subversão do modelo euro americano consiste em uma prática performática, que fazem existir realidades que nunca antes estiveram presentes, a não ser na própria prática ,enact, na prática os objetos são feitos.
            Para saber da cegueira é preciso interpelar o sujeito, não como objeto dócil, mas como um expert, que pode nos mostrar a multiplicidade da cegueira, que se amplia ainda mais no ato de pesquisar, com ele, o que faz da pesquisa, também um ato clínico.
            Jorge Luiz Borges, em seu texto intitulado, “A cegueira” nos conta sobre a sua cegueira de uma forma minuciosa e rica em detalhes como somente alguém que fala de sua própria vivência pode nos contar, diz que sua cegueira não é negra como muitos imaginam e que seria muito se assim o fosse, conta como foi perdendo a visão e que ainda pode ver algumas cores, ele nos diz muito bem das coisas que lhe foram possibilitadas por ter ficado cego, diz que as pessoas são mais amáveis com os cegos e que já ganhou muitas coisas sem merecer, ele julga perder a visão não ser a maior infelicidade da vida, onde por exemplo: teve a oportunidade de ficar ainda mais intimo de si próprio. Cita um dito socrático: Quem melhor pode se conhecer que um cego?

Um comentário:

  1. (na minha opinião)
    a cegueira nos faz olhar pra dentro. Dar limite a prória sensibilidade de perceber o mundo usando outras formas de enxergá-lo. Dar limites, isso também inclui, não se limitar...tavlez?
    penso...
    NAT

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